Entrevista com: Andrea Boschim
Profissão: Modelo Plus Size
Formação: Terapeuta Ocupacional
Você foi a sua infância , você foi uma criança gordinha? teve problemas com isso caso tenha sido? como lidou com isso?
Sempre fui gordinha, e minha mãe me ensinou desde cedo que importa muito mais nosso caráter, nossos valores, do que nosso excesso de peso, e sempre me fez ver que eu era bonita, mesmo sendo diferente das minhas amigas de escola. Não tenho nenhuma lembrança de ter sido vítima de preconceito.
Ter uns quilinhos à mais era problema para você? Você tentou fazer muitos tipos de dietas? Alguma surtiu efeito mas depois você retomou o peso anterior?
A adolescência é uma fase muito cruel, e mesmo eu tendo vários amigos, queria ser como as meninas, altas, magras, com seus jeans 38... Mesmo na minha fase mais magra, 42, eu ainda era gordinha perto das meninas. E sim, fiz todo tipo de dieta, dos pontos, da proteína, da lua, tentei reeducação alimentar, mas sou muito chata para comer. Uma hora você resolve aceitar a realidade e ser feliz mesmo com os quilinhos a mais.
Como foi a sua adolescência ?Você sofreu preconceitos?
Eu me apaixonei pelo meu melhor amigo, e eu sabia que a gente não namorava pelo meu excesso de peso, passei o ultimo ano do antigo colegial, me matando na dieta, nas caminhadas e em porto seguro, na nossa viagem de formatura ele finalmente quis ficar comigo. Foi quando percebi que quando a gente gosta, gosta por inteiro, e não só quando você está nos moldes que a mídia impõe, e lá mesmo decidi não ficar com ele e aproveitar minha viagem para conhecer outras pessoas.
Como você lidava ou lida ainda com sua autoestima?
Aprendi desde cedo a valorizar o que tenho de melhor, a investir em educação, simpatia, gentileza, e isto sempre me ajudou. Tanto que sempre que me perguntam se sofri bullyng quando era mais nova digo que não, porque realmente não me recordo de nada que tenha me marcado. Mas é claro que sou muito crítica, porque trabalho com a minha própria imagem e tem dias que o espelho não é meu melhor amigo, creio que com toda mulher isso também acontece de vez em quando.
Com surgiu a possibilidade de se tornar uma modelo plus size?
Uma amiga me inscreveu para um concurso virtual, em um site e eu venci. Já são quase 10 anos de carreira.
O que você diria para meninas, mulheres, que estejam acima do peso e sofrem com baixa autoestima?
Todas nós, altas e baixas, gordas e magras, loiras, negras, morenas e orientais, em alguma fase da nossa vida nos enxergamos diferente das outras pessoas. Mas beleza é algo subjetivo, e para ser amada, antes de tudo você precisa se amar. Você pode até estar lutando contra a balaça, tentando eliminar peso, mas não precisa ser infeliz durante o processo. Aproveite que o nicho plus size está em evidencia e tire partido disto, ousando em roupas mais modernas, dando uma repaginada no visual, cuidando de si mesma, mesmo em casa, com hidratações, esfoliações, automassagens. Lembre-se você tem 2 opções na vida ser feliz ou infeliz, só depende de vc fazer a escolha certa.
Uma frase que represente você :
Minha melhor amiga costuma dizer que sou o conjunto da obra, rs Posso não ser a mais bonita, a mais famosa, a mais acessível, mas dentro das minhas possibilidades, vou galgando meu espaço, sem pisar em ninguém! Não me vejo como celebridade, sou apenas porta voz de um movimento e quero mais é ver a cada dia mais espaço para plus size talentosas.
Uma mensagem para as mulheres plus size:
Mulheres, estar acima do peso não é o único requisito para ser modelo! É possível ser feliz e realizada em tantas outras profissões, ser útil, ajudar mulheres no seu ambiente de trabalho, entre as amigas, a família... Muito antes de ser modelo, eu já era vista como referência de auto estima entre meu circulo de amizades e isto foi o motor propulsor para que eu começasse minha carreira, poder ajudar outras pessoas a se aceitarem. Aqui no mundo plus size, também vale o clichê: fazer um pouquinho é melhor do que não fazer nada, pense nisso!
